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Comentários sobre as Chuvas e Inundações no Rio Grande do Sul

Atualizado: 14 de mai. de 2024


Recentemente o Estado do Rio Grande do Sul foi atingido por chuvas intensas que provocaram uma série de inundações em várias cidades da região. Essas inundações resultaram em grandes perdas, desde a destruição total de residências até, lamentavelmente, a perda de muitas vidas, trazendo à tona falhas crônicas na infraestrutura de controle de cheias.


Mas não é de hoje que estes impactos climáticos e de terríveis perdas acometeram o Estado. Em 1941 e novamente em 1967, enchentes históricas já haviam alertado para a necessidade de preparo e proteção contra inundações. No entanto, o cenário atual é diferente: o Estado cresceu consideravelmente em termos populacionais (sociais) e econômicos, o que naturalmente causa também um impacto muito maior.


Para entender melhor a situação, é importante fazer uma retrospectiva e análise sobre o bioma, a infraestrutura e as políticas de gestão de riscos do Rio Grande do Sul. O Estado é caracterizado por muitos rios meandrantes e também muitos rios de serra, que têm maior velocidade de fluxo de água do que rios de planície. Quando estes rios encontram a planície, como próximo da Baía dos Patos, na região de Porto Alegre, a água tende a parar, se acumular e espalhar, devido à diminuição da velocidade de escoamento.


Vários municípios do Rio Grande do Sul foram criados nas curvas e margens destes rios, devido a criação de barragens e benfeitorias que tornaram isto possível, transmitindo uma sensação de segurança para a população. Esses municípios foram aumentando sem que medidas próprias e adequadas para a contenção das cheias – característica da região – fossem tomadas.


Na década de 1970, foi inaugurado o sistema de contenção das cheias dos rios Guaíba e Gravataí. No entanto, após mais de cinco décadas, a falta de manutenção e investimento deixou o sistema vulnerável e ineficaz, não funcionando como deveria. Chegou-se ao ponto de adotar soluções paliativas, como a colocação de sacos de areia atrás e à frente dos portões de aço para reforçar a vedação, o que se mostrou insuficiente para conter a água.


Todo este histórico denuncia “um pé da raiz do problema”: a negligência e a falta de atenção com a infraestrutura e o desenvolvimento sustentável. A economia é um dos pilares do desenvolvimento sustentável, e deveria estar sendo utilizada justamente para garantir o cuidado, planejamento, análise e manutenção do meio ambiente, tanto o construído quanto o natural. Ambos estão interligados historicamente e dependem de um funcionamento harmonioso conjunto, que leve em consideração tanto o passado quanto o esforço contínuo para suprir suas necessidades.


Não são problemas que se pode resolver da noite para o dia: é preciso investimento em planos de emergência e de evacuação, além de políticas de longo prazo para prevenir danos futuros. Muitos deles já estão sendo discutidos, mas durante a crise é difícil achar uma solução.


Deve-se ressaltar ainda o problema da destinação inadequada das verbas públicas, que tem majoritariamente sido à emendas parlamentares, não sobrando dinheiro para grandes obras, e margem para os governos estaduais receberem dinheiro do governo federal e tocarem as obras.


Portanto, que fique de lição e aprendizado para que comecemos a tomar atitudes precavidas, a olhar para aquilo que é tão necessário e que temos negligenciado. Diversas regiões na costa do país, habitadas por grandes comunidades, pessoas em situação de risco, crendo pela sua segurança, com falta de informação ou sem um plano para conseguir construir sua vida em outro lugar… Essas regiões precisam realmente de planos eficazes e estratégias para lidar com esses efeitos climáticos extremos. É fundamental pensarmos urgentemente nas adequações das cidades em relação aos impactos das mudanças climáticas, pois isso tende a ocorrer com mais frequência.


Enviar recursos, ajuda, de qualquer forma que seja, é inegavelmente imprescindível, mas devemos, enquanto sociedade, cobrar do governo tais mudanças de comportamento, tais necessidades – uma vez tendo informação e consciência sobre o que ocorre, o que ressalto, já era a muito conhecido pelo governo, devemos cobrar medidas, pressionar os líderes governamentais a adotarem mudanças que preparem as cidades para gerir riscos climáticos e sejam, efetivamente, sustentáveis.


Percebam aquilo que não pode ser visto com os olhos.

Por Sabrina Chabab Piva


São Paulo, 13 de Maio de 2024



Para saber mais, acesse: "AmbienTax" com Sabrina Piva - http://ambientax.com.br

 
 
 

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